This machine kills fascists - escreveu Woody Guthrie no corpo do seu violão - essa frase me serve como epígrafe para este livro de André Monteiro e Luiz Fernando Medeiros.Mastigações de um camelo - uma experiència de escrita, uma manifestação de pensamento. Livro de poemas explícitos em posições teóricas. Livro de citações, ruminações, observações de abutre, algumas análises sobre o mundo político contemporâneo. Livro fora da lei do mercado, contra a ganância e o individualismo, a favor da riqueza sem ostentação, da generosidade, enfim, do amor.Songs remains the same - leio os poemas críticos de Luiz Fernando e André Monteiro como realizações formais das propostas de experimentação do texto e do pensamento pós-estruturalista, ou até antes, os manifestos das vanguardas históricas e do modernismo brasileiro de 1922, a opção pelo fragmento como meio de exposição de ideias. Há um traçado que alinha as ideias, mesmo as mais soltas: o início do livro com um ensaio poético livre sobre o amor, um tema recorrente no samba que será exaltado por André e Luiz F. Os autores encontram no "professoro" Ismael Silva a temática da generosidade. A partir dela, podem se projetar como fora das leis do mercado contemporâneo, como críticos da política do medo e seus congressos internacionais, e brandar contra a psicopatia o ideal da alegria.Alô alô Terezinha - eles estão aqui para confundir, não explicar. Mais pela co-fusão de pensamentos, a citação usada como dispositivo antropofágico capaz de confundir a ideia de posse do texto e rejeitar sua autoridade. Por isso, talvez o melhor prefaciador para Mastigações de um camelo fosse o velho guerreiro Chacrinha, mas como ele se encontra em turnè cósmica, os autores contaram com este dileto palhaço orelhudo.